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THE
INTERLOPER
SQSW 303, Sudoeste Brasilia - DF - Brazil Year 1 Nº 18 Director / Diretor Ronald
K. A. Halliday
ron.halliday@gmail.com
Writer / Escritor Ronald
K. A. Halliday
Editors / Editoras Talita
Borges Vicari
Circulation /
Circulaçãotalita.vicari@gmail.com Ronald K. A. Halliday 133
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![]() (The contents written below do not necessarily reflect the opinions of the editor or the writer...) BRASILIA (DF) - In simply hearing the term “first world countries”, a list of developed, supposedly highly advanced nations like the United States and Canada springs to mind. When this phrase was first coined in the 1950’s, their poor sister Brazil was ranked as a third world member due to her location on the South American continent. So why do some Brazilians smile proudly at their exclusion from this elite club? Well, perhaps they know better. Weapons that destroy the masses America’s willingness to accept guns as a part of everyday life has led most to deem their culture a “gun loving society”. Their constitutional right to bear arms has supplanted trust; security based on the possession of weaponry makes citizens fear for their safety. And who wouldn’t be afraid, wondering if the stranger next to you has a handgun tucked under their belt? So Americans protect themselves from each other more and more, to the point where today there is nearly one firearm for every man, woman and child in the United States. In Canada, the homicide rate due to guns is less than half of their southern neighbour’s, but still high enough that the federal Liberal government was moved to implement a mandatory gun registry. After service fees, the program was expected to cost taxpayers approximately $2 million. By the end of 2005 the registry will have swallowed $1 billion – a cost of $150 per firearm catalogued – while one million rogue weapons remain unregistered. Brazil’s gun mortality rate is twice that of the United States, resulting in the death of more than thirty thousand individuals every year. In order to combat the helplessness felt by common citizens, the left leaning PT government has launched initiatives to reduce the number of weapons in public hands. In 2004 the party offered up to R$300 in return for any firearm – legal or otherwise –, no questions asked. The result: two hundred thousand weapons were collected and destroyed. On October 23rd of this year, a national referendum will be held, asking this question: Should the sale of firearms and ammunition be prohibited in Brazil? Perhaps the most revealing aspect of this vote – regardless of its outcome – is the fact that it would never take place in Brazil’s North American first world counterparts. Exercising your (mandatory) democratic rights Voting is not optional in Brazil, and there are even punishments for those who don’t cast a ballot: besides a hefty fine, they are banned from applying for work at public institutions until their situation is resolved. There may be some drawbacks in having 100% of a population vote; certainly the organizational costs must be higher. But at first glance it would seem to represent the will of the people better than in first world countries where only half the eligible voters make their voices heard. Ask not what our country does for us, but… Voting irregularities in the state where his brother Jeb is governor. Business links with the Bin Laden family. Invading Iraq under the pretence that it possessed weapons of mass destruction. Afterwards, providing reconstruction contracts to his political supporters. Throughout, humourous quotes too numerous to mention. Somehow – and unapologetically – George W. Bush remains the president of the United States. (This ‘somehow’ may be partially explained by America’s two party political system. When the public’s only options are on opposing sides, the candidates are of lesser importance – people vote for the party, not its leader.) Jean Chrétien was the prime minister of Canada until 2003. At the end of his final term a sponsorship scandal was uncovered, one that funnelled millions of dollars to Quebec publishing firms. The premise was simple: The federal government needed to improve its image in French speaking Canada, especially after the 1995 referendum on separation. The reality: Most of the money was involved in a complex series of kickbacks and false invoicing designed to hide the source of government campaign funds and to reward loyal supporters. Following on the heels of the gun registry catastrophe, Chrétien had little choice but to retire from politics. His replacement, Paul Martin, has repeatedly denied any inner knowledge of the sponsorship program even though he was Chrétien’s finance minister at the time. In Brazil, the current mensalão (kickback) scandal has rocked the squeaky-clean PT government to its foundation. In a situation strikingly similar to Canada’s, companies and politicians with ties to the current administration have been charged with receiving vast sums of money for their continued support, concealed in false invoices and imaginary salaries. The noteworthy difference here is that large scale inquiries began soon after the first denunciations, leading to a wealth of allegations and counter allegations as the accused politicians and businessmen jockeyed for position. Unlike in Canada where so much time passed that public officials retired, documents went missing and homes conveniently flooded(!), the mensalão paper trail may lead back to the people who were truly responsible. So keep smiling Brazil. Being a first world country isn't as important as being a nation that demonstrates democracy in action. |
![]() (O conteúdo aqui expresso não reflete necessariamente as opinões da editora ou do autor...) BRASÍLIA (DF) - Simplesmente ao ouvir a frase “países de primeiro mundo”, uma lista de nações desenvolvidas e supostamente avançadas como Estados Unidos e Canadá vêm a mente. Quando esta expressão foi cunhada na década de 50, seu pobre irmão Brasil foi classificado membro do terceiro mundo por causa de sua localização no continente sul-americano. Então, por que alguns brasileiros sorriem orgulhosamente dessa exclusão do clube das elites? Bem, talvez eles saibam o porquê. Armas que destroem as massas A aceitação na América de armas como uma parte da vida diária tem levado muitos a julgar sua cultura como a de uma “sociedade que ama armas de fogo”. Seu direito constitucional de portar armas suplantou a confiança; a segurança baseada na posse de armamento faz cidadãos temerem por sua própria segurança. E quem não estaria receoso, pensando que o estranho ao seu lado poderia ter um trinta-e-oito em sua cintura? Pois americanos protegem-se deles mesmos mais e mais, ao ponto de hoje existir quase uma arma de fogo para cada homem, mulher e criança no país. No Canadá, a taxa de homicídios atribuída a armas de fogo é menos do que a metade da de seu vizinho do sul, mas ainda bastante alta ao ponto de o governo federal liberal ter sido motivado a implementar um registro obrigatório de armas de fogo. Após taxas de serviço, o programa deveria custar aos contribuintes aproximadamente $2 milhões. Ao fim de 2005 o registro terá engolido $1 bilhão – um custo de $150 para cada arma de fogo catalogada – enquanto um milhão de armas ilícitas permanecem sem registro. A taxa brasileira de mortalidade por armas de fogo é duas vezes a daquela dos Estados Unidos, resultando na morte de mais de trinta mil indivíduos cada ano. A fim de combater a desesperança sentida pelo cidadão comum, o governo de esquerda do PT lançou iniciativas para reduzir o número de armas nas mãos da população. Em 2004, o partido ofereceu até R$300 no retorno de qualquer arma de fogo – legal ou não –, sem mais perguntas. O resultado: duzentas mil armas foram coletadas e destruídas. No dia 23 de outubro deste ano, um referendo nacional será realizado, com a seguinte pergunta: O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil? Talvez o aspeto mais revelador deste voto – não obstante seu resultado – é o fato de que tal referendo jamais aconterceria nas contrapartes norte-americanas do primeiro mundo. Exercendo seus diretos democráticos (obrigatórios) Votar não é opcional no Brasil, e ainda há punições para aqueles que não depositam sua cédula: além de pagar uma multa, não se pode concorrer para vagas de trabalho em instituições públicas até a regularização da situação. Há alguns empecilhos em fazer com que 100% de uma população vote; com certeza os custos organizacionais devem ser mais altos. Mas à primeira vista parece representar a vontade do povo melhor do que nos países do primeiro mundo, onde somente metade dos votantes elegíveis fazem soar suas vozes. Não pergunte o que nosso país pode fazer por nós, mas... Irregularidades de votação no Estado onde seu irmão é governador. Ligações de negócios com a família Bin Laden. Invadir o Iraque sob o pretensão de que o país possuía armas de destruição em massa. Depois, fornecimento de contratos para a reconstrução aos seus apoiadores políticos. No todo, citações cômicas demasiado numerosas para mencionar. De algum modo – e sem desculpas – George W. Bush continua presidente dos Estados Unidos. (Este ‘modo’ pode ser parcialmente explicado pelo sistema político americano de dois partidos. Quando as opções do público ficam em lados opostos, os candidatos tornam-se menos importantes – o povo vota para o partido, não para seu líder.) Jean Chrétien foi o primeiro ministro do Canadá até 2003. No final de seu termo um escândalo de patrocínio foi descoberto, um que direcionou milhões de dólares às firmas de publicidade quebequenses. A premissa era simples: o governo federal precisava melhorar sua imagem no Canadá francês, particularmente após o referendo sobre a separação do Quebec em 1995. A realidade: a maioria do dinheiro foi envolvido numa série complexa de mensalões e faturamento falsos projetada para esconder a fonte de fundos de campanha do governo e recompensar apoiadores leais. Na cola da catástrofe do registro de armas, Chrétien não teve outra escolha a não ser se retirar da vida política. Seu substituto, Paul Martin, negou repetidamente qualquer conhecimento interno do programa de patrocínio, ainda que fosse o ministro de finanças de Chrétien naquele momento. No Brasil, o escândalo do mensalão balançou o incorruptível governo do PT até os ossos. Numa situação muito parecida com a do Canadá, empresas e políticos com conexões junto a administração atual foram delatados pelo recebimento de vastas somas de dinheiro para obter apoio contínuo, disfarçadas em faturamentos falsos e salários imaginários. A diferença notável aqui é que inquéritos de larga escala começaram logo depois das primeiras denúncias, conduzindo a um monte de alegações e contra-alegações enquanto os políticos e homens de negócios acusados tentavam se safar. Diferentemente do Canadá – onde tanto tempo se passou que os oficiais públicos se aposentaram, documentos sumiram e casas foram convenientemente(!) inundadas – a trilha de papel do mensalão pode acabar levando às pessoas que foram verdadeiramente responsáveis. Então continue sorrindo Brasil. O importante não é ser um país de primeiro mundo, mas uma nação que mostra democracia em ação. |
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